A primeira vez que viajei de verdade para o exterior foi para a Flórida. Claro que já tinha ido antes para nossos vizinhos que formam conosco a tríplice fronteira. Mas essas viagens não contam! Ou contam?
Viajei para Orlando a primeira vez já velho. Tinha 23. Ainda estávamos no seculo XX (o século 21 ainda era um futuro não tão próximo na minha cabeça). Cheguei à Terra do Tio Sam por Miami. De São Paulo não havia voo direto para Orlando. Cheguei morrendo de medo de passar pela imigração… Afinal, tinha ouvido tantas histórias terríveis. O medo não se concretizou. Perguntas padrão: objetivo da viagem, quanto tempo iria ficar, onde iria me hospedar. E só! (Em minha última viagem aos Estados Unidos, já com o Sr. Trump como presidente, o que saiu da boca do oficial da imigração foi a frase: Welcome back! E nada mais…)
Aluguei um carro pela Alamo e peguei a estrada para Orlando. Viagem ótima. Estrada melhor ainda… Minha primeira parada foi em um “posto” na rodovia. Na verdade não existia nada parecido no Brasil, era um tal de “Service Plaza”… Uma ilha enorme na Florida’s Turnpike, com acesso para quem está em qualquer sentido da rodovia.
Era janeiro. Inverno naquelas bandas. Era noite. Estava frio. Pedi um chocolate quente. Queimei a boca. O copo era de isopor: não havia isso no Brasil!!! Como ia adivinhar que o líquido estava tão quente? Mesmo com a boca queimada, dei muita risada! A viagem estava apenas começando…
Cheguei em Orlando e fui direto para o hotel. Nesta primeira viagem tudo tinha que ser dos sonhos: me hospedei em um hotel da Disney. Mas nada de luxo: fiquei no Disney’s Pop Century Resort.
A realidade do Brasil àquela época me fez ficar espantado. Que organização! Máquina de gelo? Sabonetes e shampoos personalizados do Mickey? O choque foi ainda maior quando conheci os parques. Todos sorrindo, todos felizes, que brinquedos!!! Eu, que até então só conhecia o PlayCenter (Hopi Hari ainda não existia), achei aquilo tudo coisa de outro mundo!
Fui dois dias na Universal Studios. Islands of Adventure ainda não existia. Alguns dos “brinquedos” que fui ainda estão lá, como por exemplo o “E.T. Adventure”. Outros se transformaram, foram repaginados e também não existem mais, como Earthquake, que em 2008 virou Disaster e fechou definitivamente no final de 2015. Aprendi que renovar e sempre apresentar aos visitantes novidades é essencial para se manter vivo nesta indústria. O mesmo vale para a Disney, que todo ano apresenta algo novo em seus parques. É preciso trazer visitantes. E apresentar novidades é essencial para isso.
Também fui às compras! Foi nessa viagem que conheci a Best Buy. Fiz a festa!!! Revi a Sears e a Dillard’s, lojas que lembrava minha infância (sim, tivemos isso no Brasil até o início dos anos 90). Não me recordo de Outlets nessa viagem. Mas lembro do Florida Mall. Era lá que os brasileiros iam! Best Buy? Só locais (e eu) conheciam… Outra região de brasileiros era a International Drive. Era e continua sendo… A loja mais famosa lá? A “Yes Brasil”. Era lá que os turistas brasileiros compravam eletrônicos. Os caras ganharam muito dinheiro…
Nessa viagem me alimentei basicamente em fast-food. Mc Donalds, KFC, Arby’s, Pizza Hut, Dunkin Donuts e Long John Silver’s. Nossa! Como a gente muda com o tempo… Não faço mais isso! Mas confesso que ainda caio na tentação e me aventuro em um donut (principalmente em aeroportos), as “hot cakes” do Mc ou as Curly Fries do Arby’s. Mas é só isso… Não me recordo qual foi a última vez que comi um lanche do Mc Donalds nos Estados Unidos (Burger King eu lembro quando comi pela última vez no exterior: foi em Paris, em 2015…).
Com relação à lingua, fui pra lá achando que ia me virar. Me virei. Mas meu inglês era de canibal… Comia palavras e fonemas. Logo em minha primeira viagem fiz uma descoberta: as crianças entendiam o que eu dizia. Os adultos, nem sempre… Ainda me pergunto o porquê. Se você souber, me conta?
Passei por perrengues com a língua. Todos engraçados. Vou contar dois. Os dois no Mc Donalds.
Pedi o lanche e a bebida (isso foi fácil). Ketchup e mostarda também é fácil de pedir. Não veio guardanapo… Aí o bicho pegou! Como falar guardanapo em inglês? Naquela época meu vocabulário não englobava a palavra “napking”. Tasquei um “paper” para o atendente. Ele não entendeu. Quis me oferecer o jornal (Sim, O Mc Donalds tinha jornal). Foi na mímica que me fiz entender. Deu certo! Ainda bem que não precisei pedir canudo. Naquela época, não fazia a mínima ideia que se chamava “straw”.
Minha segunda aventura em inglês foi na fila do Drive Thru. Fiz o pedido de tudo que queria. A atendente me entendeu e eu entendi tudo também. Até que ela solta a frase final que me quebrou. O que ela disse? Não entendi nada. Respondi que não tinha entendido. Ela refez a pergunta. Usando outra frase. Também não entendi… Não tive dúvidas: fui para a próxima cabine falar com ela olho no olho. Aí sim! Resolvido o problema. O que ela havia perguntado? Primeira pergunta: “Any item else?”. Segunda frase: “That’s all?”. Falando rápido, no alto falante do Drive Thru? Era demais para mim… Ela, muito simpática (e não estou sendo irônico) entrou na brincadeira do turista, entendeu e ainda explicou o que tinha dito. Sorri e respondi: “That’s all…”.
Já encontrei (e continuo a encontrar) muitos brasileiros passando por perrengues em terras ianques. Alguns que se aventuram sozinhos sem falar absolutamente nada de inglês. Lembro de quanto passei pelos meus e ajudo sempre. Sempre! Em outra oportunidade conto essas histórias…
Vai viajar? Não quer passar por perrengues? Fale com a gente. Teremos o maior prazer em planejar a viagem perfeita para você!
Por hoje é só, pessoal!